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Caçadores de água
Por: Liliana Peixinho*
No planeta Terra, onde a água predomina, o Homem passou a caçar o maior
bem da vida, cuja abundância, desproporcional ao descaso, compromete a
existência, em suas múltiplas formas. No Brasil, região como o Nordeste,
historicamente castigado, os reservatórios diminuem. Nascentes do Cerrado,
que alimentam a Bacia do rio São Francisco, são degradadas em meio ao ritmo
acelerado do agronegócio.
Eventos climáticos desregulam as chuvas. No Sul, a chuva inunda, no Nordeste,
o Sol esturrica a terra. As áreas de desertificação no semiárido brasileiro
atingem cerca de meio milhão de pessoas, em 20 mil km quadrados de solo
espalhado entre o Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco. O
cenário se complica com o alastramento da desidratação numa área de 230 mil
quilômetros quadrados, degradada, ou em alto risco de degradação. Equivalente
a mais que todo o estado do Ceará.
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O Engenheiro Agrônomo, Nizomar Falcão, nessa entrevista especial e
exclusiva, aprofunda, cientificamente, em linguagem acessível, os múltiplos
problemas que envolvem: acesso, desperdício, gestão, relação comunitária,
domínio capital, fontes alternativas para preservação de matrizes, em contextos
de demandas reprimidas históricas, para a garantia da água, como direito básico.
De forma transparente, corajosa, linkada aos grandes desafios de preservação da
vida, planeta afora, o diálogo entre um professor e uma jornalista,
especializados em foco socioambiental, traduz inquietações, revela
compromissos e denuncia gestões tortas, em cursos dágua.
Nascido em Mossoró, Rio Grande do Norte, o professor é desses nordestinos
típicos, de nos orgulhar ( com sua licença aqui pra valorizar a fonte). Homem
simples, tranquilo, corajoso, fala mansa, olhar reto, o engenheiro saiu do Brasil
para aprofundar sua paixão pelos estudos sobre água e seus múltiplos sentidos
de vida, em Milão, Itália. Com a sapiência de um eterno pesquisador, curioso,
disciplinado, o engenheiro, que também é escritor, nos brinda, de forma
generosa, com informações inéditas, contexualizadas em valores profundos
sobre uso, controle e desafios do maior bem da vida: a água.
De forma séria, e em compromisso com pautas em desafio mundial, ele nos
acompanha Brasil e mundo afora, como um caçador de água. Estivemos juntos,
em companhia de dezenas de especialistas de 36 países, reunidos em Fortaleza,
Ceará, entre 21 e 26 de novembro de 2015, ano marcado por crimes ambientais
gigantes como: o rompimento da Barragem da Samarco/Vale, e seu mar de lama
devastando vidas sobre o rio Doce e cidades de Minas Gerais, Espírito Santo e
sul da Bahia; os incêndios devastadores de ecossistemas da Chapada
Diamantina; assassinato e perseguição a centenas de ambientalistas; escândalos
de desvios de recursos de obras polêmicas no rio São Francisco, e um rosário de
problemas em cadeias desarmoniosas.
O estado do Ceará foi palco mundial de debates sobre água, em evento que
reuniu o O2 Encontro Intercontinental sobre a Natureza, Diálogos sobre
Governança da água e, Encontro Internacional de jornalistas especializados em
Meio Ambiente. Países como Canadá, África do Sul, Espanha, Chile, México,
Suécia, Argentina, Brasil, e dezenas de outros, participaram de trabalhos que
mobilizam o Brasil e o planeta Terra, em busca de soluções para garantir a vida.
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Autor de diversos livros sobre água e seus contextos de vida, o cientista Nizomar fez
exposição sobre desafios e caminhos da água para a preservação da vida.
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Caçadores de água. 03.01.16 12.38 pdf
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