quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Correlação entre Ciência e Inovação


Universidade Federal da Bahia
FACOM - Faculdade de Comunicação
Curso de Especialização em Jornalismo Científico e Tecnológico

Disciplina: Tecnologia, Inovação e Sociedade
 Professor : Adroaldo de Jesus Belens



  
Questão problema:
“Há uma correlação entre ciência e inovação?”


Artigo síntese sobre filtros de textos indicados:

O Paradoxo entre Produção Científica, Inovação Tecnológica  e demandas históricas reprimidas na construção de cadeias produtivas sustentáveis.
  
Aluna : Liliana Peixinho.
lilianapeixinho@gmail.com

Salvador
Agosto, 2011


 A Produção científica apresenta um paradoxo quando se analisa o tripé: pesquisa, divulgação e uso de novas tecnologias, limpas, acessíveis, em prática. Observamos demandas históricas reprimidas, diante das necessidades humanas em adaptar-se às novas exigências de um mercado em mutação.  Em pleno século XXI, pós descobertas da fragilidade ambiental do planeta em sustentar demandas surgidas e alimentadas pelo imediatismo do capital descartável, ainda não vemos mudanças de comportamentos em em larga escala, como fruto da aplicação das novas descobertas da Ciência, uso de tecnologias limpas, inteligentes, de baixo carbono, cuidadosas com os recursos naturais, limitados, impactados, degradados. Esses requisitos são destacados no trabalho:  O Problema da Experimentação na Inovação Tecnológica*, de autoria de Thales Novaes de Andrade - Professor do Departamento de Ciências Sociais da
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar

  “Implementar uma política tecnológica e de inovação                                                                                                                               implica levar em conta diversas variáveis econômicas, c                                                                                                                              como tendências de mercado e a oferta de insumos. A                                                                                                                               qualificação de mão-de-obra emerge como variável                                                                                                                               dependente dentro de uma contabilidade precisa, em que o                                                                                                             surgimento de novos componentes e o cruzamento entre                                                                                                                               setores industriais precisam se submeter a um conjunto de                                                                                                             previsões e acordos institucionais (patentes, lançamento                                                                                                                               de editais, licitações, etc.)”  (Albagli & Maciel, 2004).


Que projetos, ações, programas a Indústria tem hoje, em sua agenda, para de fato, na prática, in loco, verificarmos mudanças de comportamentos em relação aos modos de produção com uso de tecnologias limpas, harmoniosas, preventivas, de preservação da grande matriz Recursos Naturais? O que o mercado apresenta de novo, de inédito, inovador, revolucionário, nesse cenário?  Na correlação Ciência e Inovação, percebe-se um paradoxo entre produção científica e dinâmica da inovação, que requer adaptação, aplicação de novidades no modo de operar, fazer, realizar. Com o uso de formas de produção que impulsionem, com harmonia e racionalidade, as necessidades de preservação da Vida, nos ambientes onde ela se faz. As demandas pela inovação não tem acompanhando, na mesma sincronicidade, à urgência no uso de tecnologias limpas, eficientes, inteligentes, racionais e humanas, a favor da preservação da Vida. 

 A inovação, de forma geral, mostra uma tendencia em acompanhar o imediatismo de um mercado que não se mostra, na prática, sintonizado, harmonioso, cuidadoso, sem desperdícios, favorável a construção de cadeias produtivas sustentáveis de ponta a ponta. A tecnologia e inovação, quando percebidas, aplicadas, atendem a demandas de mercados superficiais, de consumo do descartável, em larga escala, alimentados pela política do marketing vazio.Veja o aumento do número de carros x sucateamento/atraso no sistema de transporte de massas e escoamento de produção agrícola, com desperdício de cerca de 40 por cento de alimentos, em detrimento a necessidade de um novo mercado, de Economia Circular, inclusiva, justa, solidária, suprindo demandas reprimidas em áreas importantes do conhecimento, aprendizado, capacitação.

Um mercado onde a Educação, que ainda apresenta elevados índices de analfabetismo funcional, com demandas reprimidas em formação de mão de obra especializada, pudesse ser meta prioritária em programas, projetos e ações de governo, empresas e terceiro setor. Um mercado onde a Saúde, pasta mais cara do Governo Brasileiro, com vultosos investimentos em equipamentos, pesquisas, tratamentos, pudesse atuar de forma preventiva, para antecipar o surgimento de doença preveníveis, já descobertas pela Ciência, mas de difícil acesso pela população. Segundo conclusão de encontro finalizado hoje, 30 de agosto, em Salvador, a América  Cancer Society informa que a Bahia é o estado do Nordeste com maior índice de mortes em mulheres com câncer de mama. “Falta informação e acesso” a equipamentos ultramodernos, existentes, mas sem pessoal especializado para operacionalizá-los”, alertou a instituição internacional.  Prova concreta, de que ainda se morre fácil e rápido, por falta de informações básicas.

Na área de políticas básicas para a garantia da vida, observemos, por exemplo, que no item habitação registramos déficits gigantes em moradia, saneamento, segurança, ventilação adequada, espaços para convivência, entre outros problemas, sérios, que, juntos, somados, são pontas de outros problemas sociais, como desemprego, mal uso de recursos públicos, insatisfação dos cidadãos. Num país rico em matrizes energéticas limpas, como o vento, e com informações sobre tecnologia eólica, por exemplo, a construção civil ainda condiciona a moradia ao uso de ventilador, ar condicionado, lâmpadas elétricas em pleno dia, cimento em lugar de quintais e jardins, devido a aplicação de modelos arquitetônicos ultrapassados.

O paradoxo entre o que a Ciência descobre, e não aplica, não socializa, não viabiliza, de fato, com eficiência, cria cadeias de comportamentos insustentáveis, desarmoniosos, desperdiçando, ignorando, o potencial natural do mais megabiodiverso país do planeta Terra. Há um grande descompassado entre o que se estuda, planeja e aplica, fazendo da vida cotidiana mais uma agonia do que um prazer em existir, viver, compartilhar espaços. Facetas sociais onde, de um lado, temos gente morrendo de frio e fome, nas calçadas, viadutos, ruas; enquanto mansões e apartamentos ficam às moscas, sem ocupação humana. Recortes sociais onde vemos pessoas descartando comida como lixo, sem dar conta de comer, e ao seu lado, crianças, jovens e idosos, catando migalhas, nos lixões, que nem deveriam mais existir diante do valor descoberto na cultura dos Rs, com  Reaproveitamento de todos os tipos de resíduos, líquidos ou sólidos, capaz de  alimentar o novo paradigma da economia verde.   
 Paradoxo incorporado pela própria mídia, com suas diversas mãos e interesses, distanciados do seu papel de formação, informação, condutor de idéias, novidades, fatos. Nesse sistema, governo, empresas e terceiro setor dizem o que querem, quando e como querem, sem constrangimentos em mentir, enganar, fazer de conta que fazem para justificar o gasto de recursos captados.  O site da SECTI- Bahia por e exemplo, objeto de um dos meus estudos/pesquisas em outras disciplinas do curso, apresenta pontos fracos em sua utilização como termômetro entre o que se propõe, como política de C&T, o que se publica, como marketing, e o que se faz, de fato, para garantia do acesso da informação de qualidade como instrumento de poder, de construção da  cidadania.
Ao jornalismo ambiental e cientifico interessa pautar, correlacionar essa falta de compromisso da política de C&T em acoes de curto, médio e longos prazos, que possam trazer mudanças de comportamentos, degradadores, impactantes, irresponsáveis, descuidadosos, para comportamentos civilizados, inteligentes, altruístas, humanos, solidários.  A Ciência, como instrumento de transformação histórica, não pode se isolar de nenhuma outra área. A necessidade de um olhar transversal, profundo, conectado com a realidade, que é multipluri facetada, interrelacionada, deve pautar o Jornalismo como construção diária de informações que possam contribuir na mudança de comportamentos, de fazeres, de tecnologias, inovações, contra práticas perversas, imediatistas, apressadas, superficiais, insustentáveis, diria até, criminosos, porque irresponsáveis com os resultados. Precisamos de uma Ciência proativa, construtora de novos olhares, profundos, transversais, humanos, comprometidos com os nobres valores das pesquisas, estudos e descobertas da Ciência.  Vejamos o que trás Thales Novaes de Andrade em O Problema da Experimentação na Inovação Tecnológica*
 “ Em 1994, Sobral e Trigueiro, já observando as novas tendências da                                                                                           produção do conhecimento que emergiam no Brasil, referiram-se à noção de                                                                                           um modelo misto de desenvolvimento científico e tecnológico no qual estão                                                                                           associadas à pesquisa básica aplicada e à inovação tecnológica, a demanda                                                                                           espontânea à induzida, a comunidade científica a outros atores sociais como                                                                                           o governo, as Organizações não governamentais (ONGs) e o setor produtivo.                                                                                           Este modelo procura unir a lógica do campo científico, ou seja, as demandas                                                                                           da própria evolução da ciência às demandas econômicas e sociais.
 Posteriormente, Groenewegen (2002) refere-se a campos científicos híbridos                                                                                           que consistem num conjunto de organizações de produção e aplicação de                                                                                           conhecimento, cumprindo uma dupla função, a de prover serviços específicos                                                                                           relacionados ao conhecimento, e, também, a de contribuir, progressivamente,  para a compreensão científica. O autor também se refere a uma série de  mudanças na organização da pesquisa e mostra que pode ocorrer uma                                                                                           acomodação da ciência às demandas colocadas pela inovação tecnológica                                                                                           pelsolução de problemas sociais. Os cientistas, porém, podem não
 apenas reagir às interferências externas, mas também se engajar                                                                                                             proativamente para organizarem a ciência segundo objetivos sociais e                                                                                           econômicos”.

Que projetos, ações, programas a indústria baiana tem hoje, em sua agenda, para de fato, na prática, in loco, verificarmos mudanças de comportamentos em relação aos modos de produção com uso de tecnologias limpas, harmoniosas, preventivas, de preservação da grande matriz Recursos Naturais? A Bahia, o Nordeste, de forma geral, apresenta um quadro de demandas reprimidas no uso de tecnologias eficientes, inteligentes, modernas, preventivas, linkadas com as novas necessidades de adaptação às mudanças que a Vida estar a exigir diante dos "estragos" feito pelo Homem/Indústria. Se temos velocidade em técnicas, aparatos, instrumentos, temos emperramentos diversos para colocá-las e prática, reforça  Thales Novaes de Andrade quando racionaliza::
                                                                        “ A inovação reveste-se de um caráter gerencial e                                                                                     administrativo sofisticado, e os gestores e policy- makers precisam atuar continuamente para dar                                                                                     coerência e integração às diferentes áreas de pesquisa, desenvolvimento e difusão tecnológica.
                                                                        Vive-se em um mundo em que o desenvolvimento                                                                                     tecnológico avança ao passo de sua burocratização.  Todo um aparato jurídico e organizacional                                                                                                 é criado em torno das práticas de inovação  tecnológica, em que os gestores e investidores
dividem espaço com os inventores e técnicos ” (Trigueiro, 2002).
 O que se observa de novo, de inédito, inovador, revolucionário, nesse cenário?  O Brasil, em destaque o Nordeste/ Bahia carece de mão de obra especializada, em diversas áreas. Os sistemas integrados com a indústria e o comércio oferecem formação, capacitação, especialização no ritmo de crescimento/desenvolvimento do pais? Quais as áreas prioritárias de investimento industrial? E que resultados esses sistemas apresentam para os próximos , digamos, 50 anos? Política a longo prazo é estratégia empresarial na  indústria ou ela tenta acompanhar a pressa de empresários que querem, e precisam, cobrir/ter retorno rápido dos investimentos realizados? O empresariado baiano está se preparando para ter compromisso com o que diz, propaga, divulga o marketing de suas empresas com relação à sustentabilidade? Temos espaço para denunciar e mostrar a diferença entre o que se diz que faz, e o que, realmente, está, ou não, sendo feito? Qual a importancia da Educação no salto qualitativo de autosuficiencia de mercados internos historicamente ocupados por mão de obra estrangeira? As perguntas estão sendo lançadas e tem respostas, dadas pela FIEB, sobre esses questionamentos.
Segundo o vice-presidente Reinaldo Dantas Sampaio o sistema Fieb, através, principalmente, das unidades do SENAI apóia os processos de inovação de processos e produtos, disponibilizando à indústria da Bahia, inteligência e laboratórios, alguns de elevada complexidade tecnológica. Nos tempos presentes, grande parte desses processos inovadores está orientada para a redução do uso de insumos, em especial água e energia; tratamento de resíduos e efluentes, utilização de novos materiais oriundos de fontes renováveis, reciclagem, dentre outros. Ou seja, processos ecoeficientes. Também, através do IEL – Instituto Euvaldo Lodi, atuamos no âmbito da pequena e média indústria, promovendo programas de educação e conscientização da gestão ecoeficiente, aliados, tais programas, a processo de diagnóstico presencial em cada empresa para identificar possibilidades de inovação e apoio no seu desenvolvimento. Também apoiamos na elaboração de projetos de pesquisa e desenvolvimento na captação de recursos destinados a P.D e Inovação, além das ações objetivando a integração universidade-empresa vital para tornar a Bahia geradora de patentes em escala superior  à de teses científicas sem aplicação prática em benefício da sociedade.
Para a FIEB a velocidade da superação de processos produtivos industriais menos eficientes por outros mais eficientes, está relacionada ao nível técnico-científico da sociedade subjacente. Sociedades inovadoras criam empresas inovadoras; outros fatores, de natureza macroeconômica, também são determinantes para induzir os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica; ambientes econômicos dotados de condições como, conhecimento tecnológico e infraestrutura, que favorecem a competitividade sistêmica, são determinantes para estimular a demanda por investimentos, em especial, aqueles voltados para a inovação.    Creio que o que há de novo nesse sentido, parece ser a gradativa consolidação de uma conscientização dos agentes econômicos, do governo e da própria sociedade que a realidade econômica mundial, se apresenta como uma oportunidade histórica para avançarmos para um elevado patamar técnico-científico da nossa sociedade e da nossa indústria, objetivando alcançar um estágio de desenvolvimento que podemos defini-lo como de ´elasticidade competitiva sistêmica. 
Por outro lado, processos inovadores revolucionários, em geral, ocorrem em ambientes industriais de maior adensamento de cadeias produtivas; a Bahia, sabemos, tem uma matriz industrial com elevada concentração setorial e empresarial; dessa forma, as inovações de grande envergadura ocorrem em um universo dessas poucas empresas que respondem, em conjunto, por mais de 75% do Valor da Transformação Industrial do nosso Estado. Por fim, devemos incorporar em nossas expectativas e conceito de inovação, a observação feita pelo Prêmio Nobel de Economia, Robert Solow: ´Inovação, pode ser tanto uma nova tecnologia revolucionária, quanto uma rotatória do trânsito, desde que ambas elevem a eficiência e a produtividade da sociedade. Pensar dessa forma, permitirá incluir no conceito de empresas inovadoras, aquelas de micro, pequeno e até médio portes que muitas vezes, tornam-se mais eficientes e competitivas através de ações que revolucionam apenas seu próprio ambiente operacional ou de gestão.
Especialistas em responsabilidade socioempresarial viajam o mundo e o Brasil para falar a empresários sobre as novas necessidades de construção de mercados verdes, com cadeias produtivas sustentáveis, harmoniosas, de ponta a ponta, onde todo e qualquer processo produtivo seja pautado em valores como: comércio justo, preservação das matrizes, não exploração de mão de obra e satisfação dos clientes/trabalhadores/produtores, alimentando o paradigma do Consumo Consciente. Está sendo possível, como propagado pela mídia, conciliar lucro, preservação e crescimento, sem questionar modelos antigos/cartesianos de políticas econômicas, cuja lógica tem favorecido, ao longo da história pós revolução industrial, a concentração de renda, o desemprego, a exclusão e uso de tecnologias com  impactos socioambientais de larga escala?
                                                                        “As práticas da escola de forecasting foram                                                                                                                               incentivadas pelos esforços dos governos                                                                                                                                                 em legislar sobre a ciência – especialmente                                                                                                                               sobre a custosa big science – e produzir                                                                                                                                                 accountability. Embora ainda sob                                                                                                                                                 perspectivas bastante diferentes, a partir do                                                                                                                               pós-guerra tanto a avaliação (externa) das                                                                                                                               atividades científicas quanto a previsão de                                                                                                                               seus avanços passaram a ser cada vez     
                                                                                                            mais tratados por métodos com fortes                                                                                                                                                 influências da teoria econômica. A ciência,                                                                                                                               cada vez mais, precisava provar                                                                                                                                                                   quantitativamente sua utilidade.                                                                                                                                                                   (Zackiewicz, 2003:196-7)

O vice-presidente da Fieb destaca o questionamento: “Essa pergunta eu diria que é fascinante, porque propõe questionamentos cujo entendimento, ainda que polêmico e inevitavelmente sujeito a profundas controvérsias, transita pela economia política ( a compreensão das forças que regem uma ordem econômica historicamente determinada em que vivemos),pela  filosofia ( a questão da ética, enquanto práxis humana transformadora; reflexão crítica da conduta humana) pela sociologia ( a nova sociedade hiperconsumista que, aparentemente, renunciou às tradições e às utopias, privilegiando o presente, o ´hic et nunc´); abordagens que considero essenciais para responder questões dessa natureza.  Mas, tratando-se do Sistema FIEB, sua missão é contribuir para o aumento da produtividade e da competitividade das empresas e fazemos isso, primeiro, capacitando as pessoas, desde o ensino básico, passando pela capacitação técnica  e chegando até a formação superior no nível de doutorado.Acreditamos que são as pessoas, educadas, capacitadas, proativas e com capacidade de comunicação e elevado conteúdo humanístico que são capazes de tornar as empresas inovadoras e competitivas; além  disso, instalamos centros tecnológicos estruturados para atender os requisitos de pesquisa e desenvolvimento de produtos e de processos do interesse de indústrias de qualquer nível de complexidade tecnológica.

 Quando a sociedade torna-se esclarecida, culta, consolida também seu sentido de cidadania e estabelece novos valores em todos os âmbitos das relações sociais propriamente ditas, bem como, no âmbito das relações sociais de produção, alcançando tanto as relações de trabalho, quanto aquelas relacionadas com os cuidados ambientais.Vale ressaltar e esse á um fato relevante, que o ciclo de industrialização iniciado na Bahia há cerca de trinta anos e ainda em desenvolvimento, não apresenta registro de descaso com os cuidados ambientais; ao contrário, muitas indústrias importantes instaladas em nosso Estado têm sido premiadas até internacionalmente, como exemplo de empresas sócio-ambientalmente responsáveis.  Segundo Reinaldo Dantas Sampaio, o sistema FIEB “ atua em muitas frentes de apoio ä formação/capacitação de pessoas. O SESI, oferecendo educação básica gratuita integrada e continuada com a formação técnica do SENAI, além de atuar na prevenção de questões relacionadas à saúde e segurança do trabalhador e de oferecer e patrocinar atividades esportivas e de recreação para os industriários.O SENAI, oferece capacitação técnica e de nível  superior, inclusive é uma das poucas entidades brasileiras, autorizadas a fornecer Certificação de Pessoas em diversas competências técnicas. 

O IEL, no tocante ä questão de formação profissional, atua promovendo formas de cooperação e de integração Universidade/Empresa, além de gerir um reconhecido Programa de Estágio para estudantes universitários, não somente fazendo cumprir o quanto determinado na Lei de Estágio, más, incorporando métodos adicionais de acompanhamento e avaliação que reforçam a interação construtiva do conhecimento acadêmico com o aprendizado prático no ambiente empresarial. Essa atuação ocorre proporcionalmente em função da base industrial territorial, tanto a existente, como  em potencial de desenvolvimento; essa compreensão inspira o Planejamento em curso, orientado para ampliar a presença do sistema FIEB em diversas regiões do Estado, estando previsto a construção ou ampliação de estruturas físicas nos Municípios de  Barreiras, Luis Eduardo Magalhães, Ilhéus/Itabuna, Feira de Santana, dentre outros”. E devemos questionar: A imprensa, nós mesmos aqui, no curso de jornalismo Científico e Tecnológico temos os caminhos, as condições, o interesse, o apoio necessário, de tempo, estrutura e linha editorial de produtos de informação,  para verificarmos, in loco, se essas informações correspondem, de fato, ao que está sendo dito? È fácil reproduzir declarações como: “O Sistema FIEB apóia todo e qualquer tipo de indústria não importando seu porte ou ramo de atividade; evidentemente, observando tendências e/ou perspectivas de novos segmentos de atividade industrial no Estado, procura antecipar-se e capacitar-se para apoiar, tanto em formação profissional quanto em desenvolvimento tecnológico. Poderia dizer que os segmentos industriais que exigem maior complexidade e conhecimento, para os quais estamos preparados ou fase de preparação, são: automobilística, indústria naval, energias renováveis, em especial, eólica, tecnologia da informação, química e petroquímica, mineração e logística”. Essas metas batem, casam, se alinham com os desejos do Brasil que queremos construir?

“ O modelo de desenvolvimento para o planeta não se faz dizendo: “agora vamos acabar com a sociedade de consumo, vamos acabar com a banalização na compra de supérfluos e vamos ter aqui valores altruístas, humanitários, coletivos, socioambientais. Não é assim”.  Considera, nesse contexto: “Importante incomodar esse poder dominante. Estamos falando de uma classe política e de uma classe econômica que complementam ou consensuam que não há propriamente algo a ser mudado no que esta ai”.  O professor, que criou o primeiro curso de Jornalismo Ambiental na UFRJ lamentou que “A academia hoje não esta preparando economistas para o século XXI. É preciso pensar nisso. São exceções a regra como Eduardo Giannetti da Fonseca, Jose Eloy da Veiga, Sergio Besseman, são alguns nomes de pessoas que estão contra a maré”.( André Trigueiro – “CADA UM PODE CONTRIBUIR PARA UM NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO”, DIZ, NA BAHIA, O JORNALISTA E PROFESSOR ANDRÉ TRIGUEIRO’ – entrevista a Liliana Peixinho – Agencia Envolverde, Blog Mundo Sustentável, Agencia C&T).

 Apesar das informações de que o Brasil tem mecanismos legais de proteção ao trabalhador nacional é pauta constante na mídia demandas por profissionais de elevada qualificação, cuja oferta interna não tem sido capaz de atender atividades ligadas às engenharias e às chamadas ciências duras. Isso, segundo representação empresarial resulta de insuficiente formação de engenheiros e profissionais das ciências exatas pelas nossas Universidades. Enquanto no Brasil, apenas 5% dos que concluem cursos universitários, formam-se em engenharia e apenas 6% em ciências exatas; a média mundial entre os países de economia de base industrial é de 20% , na Alemanha de 31% e na China, de 39%. Portanto, precisamos de muitos mais profissionais dessas áreas, não somente para atender a demanda atual decorrente do ciclo de expansão da economia brasileira, más, para dotar o Brasil de um esteio técnico-científico nacional que permita à nação o domínio das tecnologias e das ciências do futuro.

Numa entrevista que fiz ao colega jornalista e professor Andre Trigueiro, da UFRJ ele foi implacável ao defender o papel profissional: “a gente precisa ter coragem e compromisso em denunciar, em mostrar o que realmente está sendo feito e o que se diz que esta sendo feito”. Eu entendo que nós temos no Brasil a necessidade  de se ver balizar um novo modelo de desenvolvimento. E um pais com a nossa configuração tem toda capacidade de construir, que seja realmente colocando a sustentabilidade como o eixo motivacional. Não é um adereço, não é uma variável digamos um tanto distante do desenvolvimentismo, mas é tão importante quanto produzir riqueza, tão importante quanto gerar emprego e renda, é  que essas políticas públicas não onerem o passivo ambiental do Brasil, pense um Brasil futuro numa escala de 50  a 100 anos quando a gente fala de matriz energética; que pense em Educação, olhando nas grades curriculares, ementas de cursos tradicionais a possibilidade de inserir não uma disciplina eletiva, durante um semestre, mas como na Engenharia, no Jornalismo, na Economia, na Odontologia, na Agronomia, como é que se inclui a variável Sustentabilidade. Esse é um discurso que está condenado a crescer”. Precisamos acompanhar, dia a dia, o que acontece, de fato. 

Referências:
1 - Reinaldo Dantas Sampaio – Vice-presidente da FIEB - Federação das Indústrias da Bahia - Entrevista a Liliana Peixinho
2 - Andre Trigueiro– “Cada um pode contribuir para um novo modelo de desenvolvimento”, diz na Bahia o jornalista e professor  André Trigueiro - Entrevista à jornalista  Liliana PeixinhoNovembro de 2010 -  Agencia Envolverde, Blog Mundo Sustentável, Agencia C&T,  Portal do Meio Ambiente,  Movimento AMA- Amigos do Meio Ambiente, RAMA – Rede de Articulação e Mobilização em Comunicação Ambiental , REBIA – Rede Brasileira de informação Ambiental
3 - Valério Cruz BRITTOS1 - COMUNICAÇÃO E INOVAÇÃO TECNÓLOGICA
4- Fernanda da F. Sobral (SOL/UNB) -Ciência, Tecnologia e Inovação na Construção da Sociedade do Conhecimento
5 - Christiana Soares de FREITAS* Corinto MEFFE - REDES DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO
TECNOLÓGICO: UM PROJETO GOVERNAMENTAL BRASILEIRO

6 - Thales Novaes de Andrade -Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar - O Problema da Experimentação na Inovação Tecnológica*


Liliana Sampaio de Almeida Peixinho - Agosto  2011


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